21 maio 2009

Carne em delírio

Roberto, enfebrecido pela emoção que lhe queimava o sangue, estendeu-se ao lado dela tímido e medroso como um menino. Como se pela primeira vez fosse tomar uma mulher nos braços! Como se nunca a houvera possuído. Sim. Na realidade era a primeira vez que Cristina se entregava a ele, que se oferecia.

Nesse momento Roberto realizava o maior desejo de sua vida. Tinha-a como verdadeira esposa e mais que isso: como amante. Ardendo de ansiedade por ele.
Mas… Cristina não vibrava. Excitava-o com carícias pensadas. Beijava-o maquinalmente. Abandonada e submissa, insensível e fria. O prazer extenuou doloroso e calado. Ao tê-lo sobre si, Cristina esmorecera como se as forças a tivessem abandonado. Seu corpo amoleceu e seus lábios contraíram-se dentro da boca que a beijava. Deixou que ele a possuísse porém não conseguiu lhe fazer mais nem um afago sequer. Estava passiva e assexuada.

Fechou os olhos e procurou, nas sombras da sua mente alucinada, o vulto do homem desconhecido que tivera o poder de excitá-la, durante toda a tarde, com um simples enlevo

da imaginação. De novo o sangue ferveu-lhe nas veias. Era Alexandre que a possuía. Era ele que pesava sobre seu corpo, E então sentiu vibrar intensamente o desejo carnal que a consumiu num êxtase incomportável.

A noite galopava tempo afora.

Roberto deixou-se ficar por alguns instantes em silêncio ao lado da esposa. Depois, pesado sono dominou-os. Cristina, adormecida entre os braços do marido, tinha no rosto a expressão voluptuosa da embriaguez e, nos traços macios e lascivos de seus lábios, um nome se incorporava como a pedir um beijo e a clamar loucura:

— Alexandre!… Alexandre!…

Trecho

de Carne em delírio, claro que só poderia

ser da Cassandra Rios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário